Le Mans 2006 : Chevrolet Corvette C5-R (nº72)

Luc Alphand visava o pódio quando inscreveu um Chevrolet Corvette C5-R nas 24 Horas de Le Mans de 2006. Mesmo com um terceiro lugar na categoria LM GT1 atrás de um C6-R e de uma Aston Martin DBR9 oficiais, o resultado tornou-se lisonjeiro.
Num ambiente em que a tecnologia automóvel de competição evolui a passos de gigante, é licito perguntar como é que um modelo saído em 1997 pôde humilhar, nove anos mais tarde, uma série de carros muito mais recentes. A questão torna-se ainda mais interessante quando se sabe que a equipa LAA (Luc Alphand Aventures) era uma pequena estrutura que se deveria bater contra fábricas como a Corvette Racing ou a Aston Martin Racing. Para a equipa do ex-campeão de esqui, tudo começou em 2001. Lançou-se na prova superlativa das 24 Horas de Le Mans com um Porsche 911 GT3 RS na categoria LM GT. Na companhia de Michel Ligonnet e Luís Marques, os três pilotos colocaram o flat-six alemão na décima sétima posição da classificação geral e no oitavo lugar da sua categoria. Para uma primeira participação, tratava-se quase de um golpe de mestre.

Cinco anos mais tarde, depois de quatro anos passados com o 911 GT3, a equipa decidiu adquirir um Chevrolet Corvette.
Luc Alphand
Se escolheram um Chevrolet Corvette foi por causa da sua grande homogeneidade, que alia a fiabilidade ao desempenho, sem a necessidade de se efectuarem grande modificações ao modelo básico. É mais dificil de se compreender porque preferiu um C5-R ao modelo C6-R, que, além de ser a sua evolução, também comprovou nos dois anos anteriores uma eficácia em pista impresionante. A resposta de Philippe Poincloux, o team manager da equipa, é concludente: "A experiência demosntrou que o chassis do C5-R apresenta um melhor desempenho que o do C6-R. É verdade que o motor tem uma potencia de menos de 40 cv, mas a nova regulamentação desagravou esta penalização" . E, efectivamente, a escolha revelou-se sensata . Com efeito, com a parceria da VALEO , o grande fabricante de peças para automóveis, a LAA foi a primeira equipa a montar climatização no habitáculo com múltiplos benefícios.

Em teoria o compressor implica a perda de potencia da ordem dos 4 CV e um aumento de peso de 10 kg. Mas os colectores flutuantes retirados equilibraram o peso a mais do conjunto, permitindo um aumento das trompetas de admissão de 30,9 para 31,2 mm. A potencia também beneficiou de um aumento de 12 CV. E isto tudo sem esquecer a ideia primordial, ou seja, a de garantir um conforto efectivo dos pilotos : sem climatização a temperatura de um habitáculo ronda os 60-65 ºC. Depois de montada a climatização, baixou para cerca de 30ºC! Foi assim que Jérome Policand, que perfez um trajecto de três horas e vinte minutos em Le Mans por causa das neutralizações do safety car, pôde passar o volante ao seu companheiro de equipa fresco que nem uma alface!
Le Mans apresentou-se sob os melhores auspícios,. Nos treinos preliminares, Alphand, Goueslard e Policand arrecadaram o melhor tempo das equipas privadas, a apenas um segundo dos Aston Martin e Corvette oficiais!
Com uma volta em menos de 4 minutos (3´54"113 mais exactamente) o sucesso tornou-se uma realidade. Com cinco participações no activo, a LAA já se podia gabar de ter passado um bom número de vezes debaixo da bandeira axadrezada.
Mas a equipa queria verdadeiramente um lugar no pódio. Philippe Poincloux analisou com toda a lucidez : "Somos uma equipa funcional em que ninguém põe o ego à frente do grupo.Assim, não puxamos de mais pelo carro. Pela experiência que tenho, sei que na categoria GT1 um automóvel que completa pelo menos trezentas e cinquenta voltas tem um lugar assegurado no pódio. Com a consciência de sermos menos rápidos que os carros de fábrica, apostámos tudo na regularidade e na gestão das paragens"
Efectivamente, numa corrida de vinte e quatro horas, estes pilotos sentiam-se mais à vontade do que a maioria dos outros. É preciso saber que o Chevrolet Corvette é um carro fácil de pilotar quando lhe apanhamos o jeito. Não devemos contraria-lo, mas saber simplesmente o que ele quer que façamos. Deste modo, torna-se de uma eficácia diabólica. seguindo escrupulosamente o plano estabelecido para a corrida, a equipa geriu na perfeição as diversas saídas do safety car e pode render os pilotos mais espaçadamente (duas horas), graças à climatização e aos pneus. Além de ter a LAA ter recebido ajuda dos técnicos da Michelin, também o ritmo conseguido e a fiabilidade em matéria de furos tornaram a progressão imperturbável do C5-R. Quando a bandeira axedrezada baixou, a equipa privada conseguiu o pódio em GT1 e o sétimo lugar na classificação geral.
A miniatura exposta é a nº46 (de 60) da colecção "Lendas de Le Mans" da Altaya fabricada na escala 1/43 com bastante perfeição pela chinesa IXO.

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