Le Mans 1978 : Alpine-Renault A442 Calberson (nº4)


A afinação soa A 442 foi particularmente trabalhosa dada a sua fiabilidade pelo menos errática. Em 1976 e 1977, o Alpine era um dos mais rápidos, mas raramente acabava as corridas.

Efectuaram-se algumas provas que permitiram descobrir a causa do mal endémico que dizimou a Alpine em Le mans em 1977. Disse-se que uma acentuada inércia da cambota associada ao volante motor originava uma forte coacção ao nível do eixo dos pistões. Muito mal tratados durante a fase do movimento para o PMS (ponto morto superior), os pistões acabavam por partir. Convém lembrar que, com as medidas superquadradas, o curso diminuto possibilitava regimes bastante impressionantes (cerca de 10 000 rpm).

Com a Regie a anunciar com toda a clareza as suas pretensões à vitória, o fracasso de 1977 em La Sarthe foi ainda pior. A Renault resolveu apostar tudo, inscrevendo 3 carros nas 24 Horas de Le Mans de 1978. Dois A 442 de 490 cv, confiados a Didier Pironi/Jean-Pierre Jaussaud e a Derek Bell/Jean-Pierre Jarier que deveriam ombrear com o novíssimo A 443 que desenvolvia 520 cv de P.Depailler/Jean-Pierre Jabouille

Um quarto A 442 , com as cores da Carlberson, foi entregue a Jean Ragnotti, Guy Frequelin e a José Dolhem, três pilotos igualmente rápidos. Os engenheiros responsáveis pelo motor, Bernard Dudot e François Castaing, submeteram-no previamente a testes muito apurados.

O circuito de Castellet, com a sua longa recta Mistral, oferecia a possibilidade de colocar os veículos numa situação semelhante à da recta de Hunaudières que obrigava a carregar a fundo do acelerador durante cerca de um minuto. para conseguir uma melhor avaliação, também se utilizaram algumas pistas de aeródromos: conhecido o desempenho do V6 Turbo, faltava-lhe acrescentar uma resistência suficiente para se aguentar durante vinte e quatro horas.


Depois de uma série de ensaios, aplicaram-se algumas modificações no motor e na caixa de velocidades, ao mesmo tempo que um estudo no túnel de vento tornou evidente a conveniência de um capot em plexigas perfurado, que cobriu o habitáculo e que permitia um ganho de 10 km/h na velocidade de ponta. Foi contudo recusado por todos os pilotos durante os ensaios em Le Mans, por causa da temperatura elevada do cockpit e da sensação de sufoco que se fazia sentir. Só Didier Pironi e Jean-Pierre Jaussaud aceitaram a aposta no seu A 442 baptizado como "B" para a ocasião.

Depois dos primeiros treinos de quarta-feira, o ambiente não era dos melhores no clâ francês, pois Jacky Ickx tinha batido o recorde da pista em mais de três segundos ao volante do seu Porsche 936, seguido por Patrick Depailler a cerca de seis segundos. No dia seguinte , notaram-se diferenças aerodinâmicas sensíveis nos carros de ponta, e o A 443 conseguiu reduzir para os 3´28, o que o situava a menos de um segundo do 936 nº5, e dois segundos à frente do Moby Dick que corria no Grupo 5.
O começo da corrida mostrou-se favorável aos automóveis amarelos e brancos já que, a partir da segunda volta, Jacky Ickx teve de passar pelas boxes por causa de um pedal de acelerador bloqueado, e foi obrigado a parar uma segunda vez para solucionar o problema.

Entretanto, Jean-Pierre Jaboille seguia na dianteira e tudo levava a crer que os outros três Alpine se situariam entre os seis primeiros. A inquietação surgiu quando o A 443 foi vitimado por vibrações insolúveis que costumavam afectar todos os carros franceses: uma escolha errada das pastilhas dos travões dava origem a esse fenómeno.
A equipa Porsche não foi poupada a uma sucessão de avarias que desencadeou uma série de mudanças de tripulações em vários automóveis. Ao cair da noite, o nº1 recuperou a vantagem, enquanto o nº2 abandonou com uma ruptura de transmissão. O nº4 Calberson perdeu mais de meia hora a mudar o carreta da caixa , e o mesmo sucedeu ao 936 nº2 de Ickx. A meio da manhã, o V6 do A 443 parou, e Jabouille foi apoiar os pilotos do A 442 nº4 Calberson. Os automóveis da frente, ou seja , o Alpine A 442 nº2, os Porsche 936 nº6 e nº7 e o A 442 nº4 , terminaram por esta ordem. pela terceira vez na sua existencia , os vencedores das 24 Horas de Le Mans superam a fasquia dos 5000 km percorridos: a Alpine podia retirar-se de cabeça erguida. (texto Altaya).
A miniatura, de grande qualidade, é da Altaya fabricada pela Ixo na escala 1/43.

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